segunda-feira, 17 de maio de 2010

No canto dos olhos



Conforto alucinante, tranquilidade na clareira do caos
O ponteiro, ele rodou mais rápido no mesmo relógio de ontem
O que as horas guardam nos espaços do contra-tempo?

E o desejo, o desejo
O desejo meigo

O desejo é um tempo parado
É quando se trocam as datas dos bichos e das flores
É quando aumenta a rachadura da velha parede
É quando se vira a folha, a folha da história
É quando se pinta um fio branco na cabeleira preta
É quando se endurece o rastro de sorriso
No canto dos olhos
Eu sei que a viagem é longa
A voz vai e vem
Você tá aí?
Você tá aí?
Ei, você está aí?
Vontade de abraçar o infinito... *


Mira os olhos azuis que te acompanham, e que te dizem a cada minuto da vida “- coragem”.

Os olhos que outrora te ajudaram a chorar mesmo de alegria, vida cadência de lágrimas que te acompanham – a se pensar como uma pessoa das águas, que, como tal, não foge de seu destino. Destino meandro, nada determinado, apenas algumas pistas neste solo tão árido, por vezes – a vida.

Mas tem horas que brandura acalma, a paz ou coisa parecida, e no movimento de lentidão o coração pequeno bate descompassado quando pisca um olho, dizem que a isto chamam paixão, não sei, mas a cor é de um vermelho que quase cega de tanto que vibra, e que com o tempo toma todas as cores por emprestado.

Tem também daqueles vermelhoscoloridos que a gente alimenta todos os dias sem sossego, mesmo que tomado de uma atitude sem desespero… Essas coisas bonitas de se apaixonar pela mesma pessoa diariamente, em cada surpresa da vida e do desconhecimento do outro.

Mira estes olhos azuis, doces que nem nuvem de algodão, dizendo calmamente “- abre o peito”.

Eis o desejo, em pena, pele. Suspende o desejo no tempo do agora. E agora, e agora, e agora. Para que a vida se alimente de infinito, em cada canto dos olhos azuis destes livramentos… descortinando e tecendo a trama...


*Da música “meu mundo”, na obra “certa manhã acordei de sonos intranquilos”, do futuro amigo Otto. Trecho chamado, entoado, declamado e soprado por Lirinha, um dos ex cordéis que buscam permanecer encantados.



Um comentário:

  1. Acho que vi(vi) isso, não sei se "pela pele", saudades, ou "pelos olhos".
    Aqui tem algo meio frio no tempo, mas é brando o que toca a vontade de passear, pelas bandas dos longes, aí, juntinho de ti.
    Gracias, não por edcuação, mas pelo gosto em te ter assim: carinho fundo em mim.

    um abraço na nascente das tuas asas
    com carinho

    Dani

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